Estou deprimida porque vou crescer.
Passei a minha inocência à espera da adolescência, ignorante de que esta também era apenas um estado passageiro, como tudo na vida, como a própria vida. Passei-a a pensar que queria crescer, que queria ficar grande que queria poder divertir-me, ver filmes a sério e, quem sabe, deixar de achar os rapazes seres nojentos e repugnantes.
Agora posso seguramente afirmar que sou adolescente. Cheguei cá. Não é a adolescência de treze anos que todos afirmamos possuir, mas que não sabemos ser apenas uma cópia rasca. Sou uma adolescente. Estou na idade do armário. Tenho mudanças de humor repentinas, tenho um quarto de pantanas, e desespero a estudar. Cheguei. E agora? Sim, divirto-me; sim, vejo filmes; e já não acho os rapazes repugnantes… Já bebo, já saio à noite… sou crescidinha! E ser adolescente é realmente tão bom como parece de fora.
Não vou ser melodramática, não me quero queixar da vida de adolescente, porque realmente não vejo razão para invejar as outras faixas etárias. Adoro estar com os meus amigos e poder dizer porcaria à vontade. Adoro adiar o estudo mais uma noite para poder ver televisão ou ler. Adoro stressar porque tenho cinco testes na mesma semana. Adoro isto tudo porque sei que à medida que for crescendo vou perder estes direitos. Vou ter de ter cuidado com o que digo, não vou poder adiar o trabalho e o luxo de estar mal preparada no meu emprego vai ser inacessível. Vou crescer.
Não quero. Quero continuar adolescente, quero continuar irresponsável, quero continuar inconsciente. Não quero ter um emprego importante cheio de pessoas aperaltadas a servir-me. Não quero ter que pagar as contas da luz e do gás. Não quero não ter tempo para poder ir a um bar qualquer. Não quero não ter tempo para ser jovem.
Crescer é o mal deste mundo. Quanto mais velhos ficamos pior pessoas nos tornamos, ficamos amargos e desinteressados, porque nos lembramos de como era a vida quando a luz da juventude se abatia sobre nós. A juventude fica bem a toda a gente. A vida de um jovem é uma vida simples e despreocupada, é uma vida agradável. É uma vida boa.
Eu gosto de ser jovem, e quero ser jovem! Agora e para sempre! Quero poder dizer “carpe diem!” sem consequências e quero amar a vida até ao mais pequeno pormenor! Não me quero preocupar com coisas mundanas como a arrumação de uma casa ou o melhor salário. Quero sentir o meu corpo tremer de emoção. Quero a adrenalina de ser jovem a correr no meu sangue com mais intensidade que nunca!
Por isso vou fugir. Vou agarrar na minha juventude e vou fugir. Vou para longe. Para Plutão talvez. Vou fugir porque hoje ouvi o estilhaçar da esperança de ficar jovem para sempre. Ouvi-o bem. Ouvi-a partir-se, aos meus pés talvez, não sei. Mas distingui bem o som, partiu-se em milhões de pedacinhos. Vou levá-los comigo. Vou fugir e ser jovem para sempre. Vens?
1 comentário:
Não me lembro de ter visto este.
Mas como seria de esperar esta como só tu consegues!
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