terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Normal

Como é que te descreverias a ti próprio? Bem, depois de alguns anos a pesquisar perfis de blogs e hi5’s e essas coisas assim comecei a reparar na existência de várias frases, como “Ah, lol, não sei!” ou “Hum…. Sei lá! Pergunta aos meus amigos!”, mas a mais frequente, e ao mesmo tempo a que me põe mais a pensar é sem dúvida a frase “Bem, eu sou uma pessoa normal…”.

Não, eu não quero agora estar a definir uma pessoa normal, fica para outra altura, o que eu quero no entanto ver se percebo é porque é que será isso uma coisa tão boa ao ponto de 99% da população dos utilizadores de blogs e hi5’s a porem logo em primeiro lugar na sua auto-descrição. Porque será?

É assim tão bom uma pessoa estar conformada ao molde do que a sociedade em geral pensa que é normal? Aliás, se todos fossemos “normais” não seria um bocadinho aborrecido? Quero dizer, imagina lá, um bando de Joões e Joanas, todos “normais”. Assim seria a população do mundo, se realmente houvesse um padrão que toda a gente seguisse. Pelos vistos, como não somos todos uma cambada de Joões e Joanas todos iguais (ou pelo menos gosto de pensar que não), será correcto descrevermo-nos com a palavra normal?

Melhor ainda, sendo o normal um conceito bastante subjectivo, não será então este normal demasiado vago. Quero dizer, se para mim o normal for uma pessoa muito calada e antipática eu poderia dizer que eu (não que eu seja calada ou antipática!) era normal e tu não concordarias comigo, não?

Não estou aqui a desvalorizar quem se descreve de normal, porque eu também diria “eu, eu sou bastante normal”, é só que em dois sentidos sentir-me-ia culpada ao dizer isto. Por um lado todos os dias algum amigo meu me diz “és mesmo anormal!” ou “o que é que andaste a fumar?!”, insinuando assim que pelos vistos não sou assim tão normal quanto isso. Por outro lado, também não sei se gostaria de ser normal daquela forma conformista, de concordar com a maioria só porque é a maioria, ou de agir de certa forma porque o resto do mundo também assim age, isso seria digno de um grande imbecil (sem ofensa às pessoas “normais”; no entanto, também não me quero destacar dos outros sendo diferente só por o ser, porque essa é outra forma de ser um grandessíssimo imbecil, apenas quero ser eu mesma. Normal ou anormal, eu mesma, com os meus próprios defeitos e qualidades, com os meus próprios valores e crenças e acima de tudo com o meu próprio pensamento.